Fidel e seus companheiros comemoram o êxito da Revolução Cubana, em 1959, em Havana.
São Paulo – Um dos principais personagens do século
20, amado e odiado ao mesmo tempo, se foi. Mas fica o mito pela história
controversa que construiu na política mundial ao longo de quase 60 anos. Fidel
Alejando Castro Ruiz nasceu em 13 de agosto de 1926, na fazenda de
cana-de-açúcar de seu pai, perto de Birán, no litoral da província cubana de
Oriente. O pai, Angel Castro, nascido na Galícia (Espanha), foi para Cuba com o
Exército espanhol, durante a guerra entre Espanha e EUA (1898). Com o fim da
guerra, Angel, como vários espanhóis, preferiu tentar a sorte em Cuba, e seu
primeiro emprego foi como trabalhador braçal para a United Fruit, empresa
americana. Angel era um trabalhador resistente e econômico. Em 1926, comprou
mais de 9.300 hectares de terra, sua primeira fazenda de cana-de-açúcar. Em seu
primeiro casamento, com uma professora cubana, teve dois filhos. Ele mantinha
um romance com uma cozinheira cubana que trabalhava para a família, Lina Ruiz
González. Após a morte da primeira mulher, Angel se casou com Lina, que já lhe
havia dado três filhos: Angela, Ramón e Fidel. O casal teve mais três filhas e
um filho, Raúl.
Em 1953, aos 27 anos, Fidel e 79 companheiros
planejaram a derrubada do ditador Fulgêncio Batista. Eles atacaram, em 26 de
julho, o Quartel Moncada, o maior de Santiago de Cuba, em Oriente. O ataque
fracassou. Apenas três rebeldes morreram no assalto, mas 80 foram capturados. A
maioria dos prisioneiros foi torturada e executada. Fidel foi sentenciado a 15
anos de prisão, mas acabou libertado em uma anistia dois anos depois, quando
partiu para o exílio no México.
Com o apoio de vários companheiros, entre eles o
médico argentino Ernesto Che Guevara, Fidel planejou a volta a Cuba. Em 2 de
dezembro, a bordo do velho iate Granma, eles desembarcaram em uma praia.
“Podemos afirmar que nossa revolução começou em condições inacreditáveis,”
disse Fidel, em discurso de 1966.
Sierra maestra Delatados, Fidel e os guerrilheiros
sobreviventes fugiram para a Sierra Maestra, onde começaram uma guerra de
guerrilhas contra Batista. Em 2 de janeiro de 1959, Guevara e Camilo Cienfuegos
ocuparam Havana. Batista fugiu e o poder em Cuba foi posto repentinamente nas
mãos de jovens revolucionários. Ele derrotou conspirações apoiadas pelos EUA e
enviou mais de 300 mil soldados para lutar em Angola, Etiópia, Congo, Argélia e
Síria.
Ao mudar o xadrez da política mundial com a
Revolução Cubana, nas barbas da maior potência global, os EUA, Fidel tornou
mais a tensa a Guerra Fria com a União Soviética pós-Stálin. Naqueles dias
eufóricos na ilha caribenha, centenas de milhares de cubanos saíram às ruas e
campos do país gritando liberdade, enquanto um novo governo formado por
guerrilheiros barbudos, que haviam lutado durante três anos nas serras contra
Batista, tomava o poder no país. Nos meses seguintes, cresceu a confrontação
entre o líder da revolução, Fidel Castro, e o governo americano. Os EUA
deixaram de comprar quase todo o açúcar produzido pela ilha, praticamente seu
único produto de exportação, as refinarias americanas na ilha paravam, ao não
receber o petróleo das matrizes nos EUA para a produção; e o país entrou em uma
crise profunda.
Fim da máfia. Mas os cubanos viram algo novo: a
abertura de escolas feitas por voluntários para combater o analfabetismo, que
afligia pelo menos metade da população; o fechamento dos cassinos e bordéis
controlados pela máfia ítalo-americana da Costa Leste dos EUA e por partidários
de Batista em Havana e em Santiago; a reforma agrária, com a repartição dos
enormes latifúndios de cana-de-açúcar e a entrega de títulos de posse a
milhares de camponeses miseráveis. Além disso, centenas de ex-militares e
policiais do regime de Batista, acusados de torturas e assassinatos, foram
levados a julgamentos públicos e punidos.
Era o clima da Guerra Fria. Tudo isso enfureceu os
EUA, que armaram a invasão de Playa Giron (ou da Baía dos Porcos, como ficou
conhecida no mundo): 1.500 exilados cubanos, armados pela CIA, que partiram da
Nicarágua para derrubar o regime liderado por Fidel. Os cubanos, no entanto,
apoiaram o Comandante em massa. “Fidel Castro não é um comunista, mas a pressão
dos EUA deverá transformá-lo em um comunista em dois ou três anos,” disse o
líder soviético Nikita Kruchev em 1960.
Após serem cercados na praia por milícias populares
e forças leais do Exército cubano, os invasores se renderam, depois de deixar
mais de 100 mortos no combate. Muitos historiadores concordam: a vitória de
Playa Giron e a duração do regime comandado por Fidel só foram possíveis pela
enorme popularidade do líder e por grandes avanços sociais que ocorreram em
Cuba, pelo menos nas décadas de 1960 e 1970.
O escritor cubano Guillermo Cabrera Infante
(1929-2005), um dos maiores críticos da ditadura de Fidel, viveu no exílio em
Londres a partir de 1965. Cabrera Infante destilou grande parte das críticas à
ditadura de Fidel em seu livro Mea Cuba, de 1992, no qual contou como o Partido
Comunista cubano conseguiu transformar uma revolução popular em uma ditadura
que estrangulou os dissidentes do regime.
Fidel e Belo Horizonte.
Fidel Castro esteve em Belo Horizonte em 1999 para
participar do 46º Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes (UNE), no
Mineirinho, onde fez um discurso de uma 1 hora e 47 minutos para cerca de 2,5
mil pessoas. A visita contou com um forte aparato de segurança. Na época,
Castro se encontrou com o então governador de Minas Gerais Itamar Franco, no
Palácio da Liberdade. Da sacada, ele acenou para o público. No Brasil, a
primeira visita do dirigente cubano foi em 1959, em agradecimento ao presidente
Juscelino Kubitschek, que reconheceu o novo governo cubano. Na época, Fidel
tinha assumido o cargo de premiê. Em 1990, ele voltou ao país para a posse de
Fernando Collor de Mello. Dois anos depois, participou da Conferência Mundial
para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro. Em 1995, voltou a
prestigiar a posse de outro presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, e
esteve novamente no país em 1998, quando se encontrou de novo com o presidente
tucano.
Isolamento – após o fim da URSS
São Paulo - Apesar dos avanços sociais observados
pela população, a partir de 1991, com o fim da União Soviética e da ajuda
financeira de Moscou a Havana, o regime cubano tornou-se isolado de quase todo
o mundo. O país enfrentou sérias crises econômicas, principalmente por causa do
boicote americano, e o regime precisou usar a força para calar opositores e
dissidentes - um traço que se mostrou já no final de 1959, quando Fidel, seu
irmão Raúl e Che Guevara julgaram o comandante guerrilheiro Huber Matos - um companheiro
e dissidente que não aceitou a implantação do comunismo na ilha. Matos passou
20 anos preso na Isla de Pinos e depois partiu para o exílio em Miami.
Em fevereiro de 2006, doente, Fidel passou a
presidência de Cuba ao seu irmão Raúl Castro. Em 2011, renunciou ao
secretariado-geral do Partido Comunista de Cuba. Depois disso ele apareceu
poucas vezes publicamente e se manteve afastado mesmo depois de o governo
norte-americano de Barack Obama anunciar, em dezembro de 2014, que os dois
governos decidiram restabelecer as relações diplomáticas rompidas desde 1961 e
adotar uma série de mudanças que ampliarão o comércio e o fluxo de pessoas
entre os dois países.
Questionado pelo jornalista italiano Gianni Miná,
em entrevista de 1986, se estava satisfeito com seu papel histórico, Fidel
respondeu: “Sim, estou plenamente satisfeito com a obra pela qual dediquei
minha vida, sem deixar de ter um espírito crítico, sem deixar de ter uma
insatisfação no sentido de que devo analisar o que fizemos e de que o que fizemos
poderia ter sido feito melhor.”
Fonte: Jornal Estado de Minas, 27/11/16.
Enviado por: Profº Marcelo Osório Costa.
Fidel Castro era o grande opositor do governo de Fulgêncio Batista. De princípios socialistas,que planejava derrubar o governo e acabar com a corrupção e com a influência norte-americana na ilha.Tambem conseguiu organizar um grupo de guerrilheiros enquanto estava exilado no México.
ResponderExcluirEm 1957, ele (Fidel Castro) e um grupo grande instalaram-se nas florestas de Sierra Maestra. Os combates com as forças do governo foram intensos e vários guerrilheiros morreram ou foram presos. Mesmo assim, Fidel Castro e Ernesto Fidel Castro era o grande opositor do governo de Fulgêncio Batista. De princípios socialistas, planejava derrubar o governo e acabar com a corrupção e com a influência norte-americana na ilha. Conseguiu organizar um grupo de guerrilheiros enquanto estava exilado no México.
Em 1957, Fidel Castro e um grupo de cerca de 80 combatentes instalaram-se nas florestas de Sierra Maestra. Os combates com as forças do governo foram intensos e vários guerrilheiros morreram ou foram presos. Mesmo assim, Fidel Castro e Ernesto Che Guevara ( foi um dos ideólogos e comandantes que lideraram a Revolução Cubana) não desistiram e mesmo com um grupo pequeno continuaram a luta. Começaram a usar transmissões de rádio para divulgar as ideias revolucionárias e conseguir o apoio da população de Cuba.
Fidel castro foi um líder amado e odiado , que na então histórica guerra fria fortaleceu a ideia socialista em Cuba com influências da união soviética ,muitos inocentes foram mortos , mas não podemos negar a inexistência de analfabetos nesse país , Cuba possui um dos melhores sistemas de saúde do mundo e o índice de criminalidade e praticamente zero.
ResponderExcluir"Um revolucionário pode perder tudo: a família, a liberdade, até a vida. Menos a moral" - Fidel Castro
ResponderExcluirUm grande líder que não cedeu as ameaças e ao bloqueio econômico estadunidense, ficou firme em seus ideais ate a morte. Conseguiu que cuba fosse o único pais da América com o sistema socialista indo contra a super potencia mundial.
ResponderExcluirAs discussões quanto a Fidel ter sido herói ou vilão, vem sido constantes. O seu lado herói é:Conseguiu derrubar um ditador corrupto e sanguinário. Trouxe mais saúde e educação para o povo cubano. É um ícone da resistência ao domínio dos Estados Unidos na América Latina, já o lado vilão:Ditador brutal. Promoveu execuções com procedimentos legais duvidosos e outros inúmeros desrespeitos aos direitos fundamentais de todo o ser humano.
ResponderExcluirFidel Castro nunca foi eleito por meio de eleições diretas, seu governo se caracterizou como uma das ditaduras mundiais que mais limitaram a liberdade de expressão, porem durante sua gestão, Cuba atingiu índices invejáveis de desenvolvimento humano e social.
ResponderExcluirVai ser para sempre lembrado, não só em seu país, mas no mundo inteiro. Apesar das criticas, Fidel resistiu aos EUA e controlou seu país de modo que elevou os indices de desenvolvimento humano e social, inserindo classes mais baixas na economia.
ResponderExcluirA última vez que Fidel havia sido visto publicamente foi em 15 de novembro, quando recebeu o presidente do Vietnã, Tran Dai Quang. O governo de Cuba decretou nove dias de luto nacional pela morte do líder da Revolução Cubana.
ResponderExcluirA morte de Fidel foi seguida por muitas homenagens, por parte da população e por governantes de outros países. Mas também houveram manifestações em comemoração por sua morte, principalmente por cubanos que moram em outros países ou descendentes de cubanos.
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