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domingo, 27 de novembro de 2016

Morte de Fidel - O guerrilheiro que entrou para a história.

Fidel e seus companheiros comemoram o êxito da Revolução Cubana, em 1959, em Havana.

São Paulo – Um dos principais personagens do século 20, amado e odiado ao mesmo tempo, se foi. Mas fica o mito pela história controversa que construiu na política mundial ao longo de quase 60 anos. Fidel Alejando Castro Ruiz nasceu em 13 de agosto de 1926, na fazenda de cana-de-açúcar de seu pai, perto de Birán, no litoral da província cubana de Oriente. O pai, Angel Castro, nascido na Galícia (Espanha), foi para Cuba com o Exército espanhol, durante a guerra entre Espanha e EUA (1898). Com o fim da guerra, Angel, como vários espanhóis, preferiu tentar a sorte em Cuba, e seu primeiro emprego foi como trabalhador braçal para a United Fruit, empresa americana. Angel era um trabalhador resistente e econômico. Em 1926, comprou mais de 9.300 hectares de terra, sua primeira fazenda de cana-de-açúcar. Em seu primeiro casamento, com uma professora cubana, teve dois filhos. Ele mantinha um romance com uma cozinheira cubana que trabalhava para a família, Lina Ruiz González. Após a morte da primeira mulher, Angel se casou com Lina, que já lhe havia dado três filhos: Angela, Ramón e Fidel. O casal teve mais três filhas e um filho, Raúl.
Em 1953, aos 27 anos, Fidel e 79 companheiros planejaram a derrubada do ditador Fulgêncio Batista. Eles atacaram, em 26 de julho, o Quartel Moncada, o maior de Santiago de Cuba, em Oriente. O ataque fracassou. Apenas três rebeldes morreram no assalto, mas 80 foram capturados. A maioria dos prisioneiros foi torturada e executada. Fidel foi sentenciado a 15 anos de prisão, mas acabou libertado em uma anistia dois anos depois, quando partiu para o exílio no México.
Com o apoio de vários companheiros, entre eles o médico argentino Ernesto Che Guevara, Fidel planejou a volta a Cuba. Em 2 de dezembro, a bordo do velho iate Granma, eles desembarcaram em uma praia. “Podemos afirmar que nossa revolução começou em condições inacreditáveis,” disse Fidel, em discurso de 1966.
Sierra maestra Delatados, Fidel e os guerrilheiros sobreviventes fugiram para a Sierra Maestra, onde começaram uma guerra de guerrilhas contra Batista. Em 2 de janeiro de 1959, Guevara e Camilo Cienfuegos ocuparam Havana. Batista fugiu e o poder em Cuba foi posto repentinamente nas mãos de jovens revolucionários. Ele derrotou conspirações apoiadas pelos EUA e enviou mais de 300 mil soldados para lutar em Angola, Etiópia, Congo, Argélia e Síria.
Ao mudar o xadrez da política mundial com a Revolução Cubana, nas barbas da maior potência global, os EUA, Fidel tornou mais a tensa a Guerra Fria com a União Soviética pós-Stálin. Naqueles dias eufóricos na ilha caribenha, centenas de milhares de cubanos saíram às ruas e campos do país gritando liberdade, enquanto um novo governo formado por guerrilheiros barbudos, que haviam lutado durante três anos nas serras contra Batista, tomava o poder no país. Nos meses seguintes, cresceu a confrontação entre o líder da revolução, Fidel Castro, e o governo americano. Os EUA deixaram de comprar quase todo o açúcar produzido pela ilha, praticamente seu único produto de exportação, as refinarias americanas na ilha paravam, ao não receber o petróleo das matrizes nos EUA para a produção; e o país entrou em uma crise profunda.
Fim da máfia. Mas os cubanos viram algo novo: a abertura de escolas feitas por voluntários para combater o analfabetismo, que afligia pelo menos metade da população; o fechamento dos cassinos e bordéis controlados pela máfia ítalo-americana da Costa Leste dos EUA e por partidários de Batista em Havana e em Santiago; a reforma agrária, com a repartição dos enormes latifúndios de cana-de-açúcar e a entrega de títulos de posse a milhares de camponeses miseráveis. Além disso, centenas de ex-militares e policiais do regime de Batista, acusados de torturas e assassinatos, foram levados a julgamentos públicos e punidos.
Era o clima da Guerra Fria. Tudo isso enfureceu os EUA, que armaram a invasão de Playa Giron (ou da Baía dos Porcos, como ficou conhecida no mundo): 1.500 exilados cubanos, armados pela CIA, que partiram da Nicarágua para derrubar o regime liderado por Fidel. Os cubanos, no entanto, apoiaram o Comandante em massa. “Fidel Castro não é um comunista, mas a pressão dos EUA deverá transformá-lo em um comunista em dois ou três anos,” disse o líder soviético Nikita Kruchev em 1960.
Após serem cercados na praia por milícias populares e forças leais do Exército cubano, os invasores se renderam, depois de deixar mais de 100 mortos no combate. Muitos historiadores concordam: a vitória de Playa Giron e a duração do regime comandado por Fidel só foram possíveis pela enorme popularidade do líder e por grandes avanços sociais que ocorreram em Cuba, pelo menos nas décadas de 1960 e 1970.
O escritor cubano Guillermo Cabrera Infante (1929-2005), um dos maiores críticos da ditadura de Fidel, viveu no exílio em Londres a partir de 1965. Cabrera Infante destilou grande parte das críticas à ditadura de Fidel em seu livro Mea Cuba, de 1992, no qual contou como o Partido Comunista cubano conseguiu transformar uma revolução popular em uma ditadura que estrangulou os dissidentes do regime.
Fidel e Belo Horizonte.

Fidel Castro esteve em Belo Horizonte em 1999 para participar do 46º Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes (UNE), no Mineirinho, onde fez um discurso de uma 1 hora e 47 minutos para cerca de 2,5 mil pessoas. A visita contou com um forte aparato de segurança. Na época, Castro se encontrou com o então governador de Minas Gerais Itamar Franco, no Palácio da Liberdade. Da sacada, ele acenou para o público. No Brasil, a primeira visita do dirigente cubano foi em 1959, em agradecimento ao presidente Juscelino Kubitschek, que reconheceu o novo governo cubano. Na época, Fidel tinha assumido o cargo de premiê. Em 1990, ele voltou ao país para a posse de Fernando Collor de Mello. Dois anos depois, participou da Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro. Em 1995, voltou a prestigiar a posse de outro presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, e esteve novamente no país em 1998, quando se encontrou de novo com o presidente tucano.
Isolamento – após o fim da URSS
São Paulo - Apesar dos avanços sociais observados pela população, a partir de 1991, com o fim da União Soviética e da ajuda financeira de Moscou a Havana, o regime cubano tornou-se isolado de quase todo o mundo. O país enfrentou sérias crises econômicas, principalmente por causa do boicote americano, e o regime precisou usar a força para calar opositores e dissidentes - um traço que se mostrou já no final de 1959, quando Fidel, seu irmão Raúl e Che Guevara julgaram o comandante guerrilheiro Huber Matos - um companheiro e dissidente que não aceitou a implantação do comunismo na ilha. Matos passou 20 anos preso na Isla de Pinos e depois partiu para o exílio em Miami.
Em fevereiro de 2006, doente, Fidel passou a presidência de Cuba ao seu irmão Raúl Castro. Em 2011, renunciou ao secretariado-geral do Partido Comunista de Cuba. Depois disso ele apareceu poucas vezes publicamente e se manteve afastado mesmo depois de o governo norte-americano de Barack Obama anunciar, em dezembro de 2014, que os dois governos decidiram restabelecer as relações diplomáticas rompidas desde 1961 e adotar uma série de mudanças que ampliarão o comércio e o fluxo de pessoas entre os dois países.
Questionado pelo jornalista italiano Gianni Miná, em entrevista de 1986, se estava satisfeito com seu papel histórico, Fidel respondeu: “Sim, estou plenamente satisfeito com a obra pela qual dediquei minha vida, sem deixar de ter um espírito crítico, sem deixar de ter uma insatisfação no sentido de que devo analisar o que fizemos e de que o que fizemos poderia ter sido feito melhor.”
Fonte: Jornal Estado de Minas, 27/11/16.

Enviado por: Profº Marcelo Osório Costa.

9 comentários:

  1. Fidel Castro era o grande opositor do governo de Fulgêncio Batista. De princípios socialistas,que planejava derrubar o governo e acabar com a corrupção e com a influência norte-americana na ilha.Tambem conseguiu organizar um grupo de guerrilheiros enquanto estava exilado no México.

    Em 1957, ele (Fidel Castro) e um grupo grande instalaram-se nas florestas de Sierra Maestra. Os combates com as forças do governo foram intensos e vários guerrilheiros morreram ou foram presos. Mesmo assim, Fidel Castro e Ernesto Fidel Castro era o grande opositor do governo de Fulgêncio Batista. De princípios socialistas, planejava derrubar o governo e acabar com a corrupção e com a influência norte-americana na ilha. Conseguiu organizar um grupo de guerrilheiros enquanto estava exilado no México.

    Em 1957, Fidel Castro e um grupo de cerca de 80 combatentes instalaram-se nas florestas de Sierra Maestra. Os combates com as forças do governo foram intensos e vários guerrilheiros morreram ou foram presos. Mesmo assim, Fidel Castro e Ernesto Che Guevara ( foi um dos ideólogos e comandantes que lideraram a Revolução Cubana) não desistiram e mesmo com um grupo pequeno continuaram a luta. Começaram a usar transmissões de rádio para divulgar as ideias revolucionárias e conseguir o apoio da população de Cuba.

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  2. Fidel castro foi um líder amado e odiado , que na então histórica guerra fria fortaleceu a ideia socialista em Cuba com influências da união soviética ,muitos inocentes foram mortos , mas não podemos negar a inexistência de analfabetos nesse país , Cuba possui um dos melhores sistemas de saúde do mundo e o índice de criminalidade e praticamente zero.

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  3. "Um revolucionário pode perder tudo: a família, a liberdade, até a vida. Menos a moral" - Fidel Castro

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  4. Um grande líder que não cedeu as ameaças e ao bloqueio econômico estadunidense, ficou firme em seus ideais ate a morte. Conseguiu que cuba fosse o único pais da América com o sistema socialista indo contra a super potencia mundial.

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  5. As discussões quanto a Fidel ter sido herói ou vilão, vem sido constantes. O seu lado herói é:Conseguiu derrubar um ditador corrupto e sanguinário. Trouxe mais saúde e educação para o povo cubano. É um ícone da resistência ao domínio dos Estados Unidos na América Latina, já o lado vilão:Ditador brutal. Promoveu execuções com procedimentos legais duvidosos e outros inúmeros desrespeitos aos direitos fundamentais de todo o ser humano.

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  6. Fidel Castro nunca foi eleito por meio de eleições diretas, seu governo se caracterizou como uma das ditaduras mundiais que mais limitaram a liberdade de expressão, porem durante sua gestão, Cuba atingiu índices invejáveis de desenvolvimento humano e social.

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  7. Vai ser para sempre lembrado, não só em seu país, mas no mundo inteiro. Apesar das criticas, Fidel resistiu aos EUA e controlou seu país de modo que elevou os indices de desenvolvimento humano e social, inserindo classes mais baixas na economia.

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  8. A última vez que Fidel havia sido visto publicamente foi em 15 de novembro, quando recebeu o presidente do Vietnã, Tran Dai Quang. O governo de Cuba decretou nove dias de luto nacional pela morte do líder da Revolução Cubana.

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  9. A morte de Fidel foi seguida por muitas homenagens, por parte da população e por governantes de outros países. Mas também houveram manifestações em comemoração por sua morte, principalmente por cubanos que moram em outros países ou descendentes de cubanos.

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Comentários