Para o governo de Assad,
a tomada de Aleppo seria 'uma de suas maiores vitórias', diz Mathieu Guidere,
especialista em geopolítica do Oriente Médio.
O presidente Bashar al-Assad está decidido a reconquistar Aleppo, a
segunda maior cidade da Síria, para desferir um golpe decisivo contra os
rebeldes e reposicionar o seu regime na cena internacional, num momento de
possível mudança na diplomacia americana.
Para o governo de Assad (foto), a tomada de Aleppo seria 'uma de suas maiores vitórias', diz Mathieu Guidere, especialista em geopolítica do Oriente Médio (Foto: SANA/Reuters).
Para o governo de
Assad (foto), a tomada de Aleppo seria 'uma de suas maiores vitórias', diz
Mathieu Guidere, especialista em geopolítica do Oriente Médio (Foto:
SANA/Reuters)
Há vários meses, ofensivas se sucedem para tomar os bairros da zona
leste de Aleppo, nas mãos dos rebeldes desde o verão de 2012. A última, lançada
em meados de novembro, pode ser decisiva, uma vez que o Exército conseguiu
capturar a maioria desses bairros.
Para o governo de Assad, a tomada de Aleppo seria "uma de suas
maiores vitórias", considera Mathieu Guidere, especialista em geopolítica
do Oriente Médio.
"Esta foi uma das primeiras cidades conquistadas pela oposição
armada" e tem um "extraordinário prestígio histórico, político ou
geopolítico", explica o professor da Universidade de Paris-8.
A antiga capital econômica e centro industrial da Síria está localizada
em um eixo comercial estratégico, perto da fronteira com a Turquia.
Desde 2012, Aleppo está dividida entre as áreas controladas pelo governo
a oeste, onde 1,2 milhão de pessoas vivem, e os bairros rebeldes no leste, onde
mais de 250 mil pessoas residem.
'Virada'
A tomada de Aleppo "seria uma virada", garante Fabrice Balanche, especialista em Síria no Instituto Washington. Isso porque permitiria ao regime "controlar Damasco, Homs, Hama (centro), Latakia (oeste) e Aleppo, ou seja, as cinco maiores cidades" e a Síria útil.
A tomada de Aleppo "seria uma virada", garante Fabrice Balanche, especialista em Síria no Instituto Washington. Isso porque permitiria ao regime "controlar Damasco, Homs, Hama (centro), Latakia (oeste) e Aleppo, ou seja, as cinco maiores cidades" e a Síria útil.
A metrópole do norte é também a chave para recuperar a província de
Idleb (noroeste), quase inteiramente controlada pelos rebeldes e extremistas.
"Isso vai mudar o equilíbrio de forças no conflito", afirma
Bassam Abu Abdullah, diretor do Centro de Damasco para Estudos Estratégicos.
De acordo com ele, "o objetivo é empurrar esses grupos (rebeldes)
para o cenário de Homs", a terceira maior cidade do país, onde os
insurgentes se renderam em 2014 após dois anos de cerco e bombardeios.
Desde 17 de julho, a pressão é máxima na zona leste de Aleppo, sitiada
pelas forças do governo, privada de ajuda humanitária, ameaçada de escassez
alimentar e onde quase todos os hospitais foram bombardeados. Neste cenário, os
países ocidentais denunciam "crimes de guerra".
Tal ânsia destina-se a forçar os civis, pressionados pela fome e a
miséria, a se voltar contra os rebeldes. Várias centenas deixaram a zona leste
de Aleppo no último final de semana para áreas controladas pelo governo, no
primeiro êxodo deste tipo desde 2012.
"Você só pode recuperar um território se a população não apoiar
mais os rebeldes", diz Balanche.
'Posição de força'
A tomada de Aleppo colocaria o regime em uma posição forte para sair vitorioso
da guerra que assola a Síria desde 2011 e que já fez mais de 300 mil mortes e
milhões de deslocados e refugiados.
Neste cenário, os grupos rebeldes se limitariam a Idleb, a algumas
localidades de Deraa (sul), o berço da sua revolta, e perto de Damasco, onde
também recuaram com a perda dos redutos de Daraya e Muadamiyat al-Sham.
"Este não é o fim desses grupos, mas uma derrota em Aleppo
significaria que (...) não são capazes de manter a população sob seu controle e
protegê-la", afirma Guidère.
Para Balanche, a perda de Aleppo mostraria que "a oposição é
incapaz de uma grande vitória militar" e de posar como uma
"alternativa" frente a Damasco. "Aleppo é a última esperança de
poder ser capaz de formar um território viável" para os rebeldes, mas, se
for conquistada, este "sonho desvanece-se", diz.
Para Abdullah, "a perda de Aleppo marcará o fim das últimas
esperanças dos países" que apoiam a oposição, incluindo a Arábia Saudita,
Qatar e Turquia.
Com uma vitória, Damasco controlaria a chave de uma possível retomada
das negociações de paz, depois do fracasso este ano de três sessões de diálogo
sob mediação da ONU. "O regime estará em uma posição forte: será ainda
menos provável que queira negociar", considera Guidère.
A chegada de Donald Trump à Casa Branca em janeiro, sinônimo de uma
possível virada na diplomacia americana, poderia mudar isso.
"Sabemos que Trump não está tão interessado em investir na Síria.
Se, além disso, Aleppo cair (...), não valerá a pena apoiar a oposição
síria", acredita Balanche.
Em outubro, durante um debate presidencial, Trump já havia proclamado:
"Eu acho que, basicamente, Aleppo já caiu".
Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/regime-sirio-tenta-reconquistar-aleppo-e-mudar-rumos-da-guerra.ghtml
Enviado por: Emanuel Dias de Oliveira – 3º ano do Ensino
Médio.
É o início do fim da guerra civil síria. Com a derrota em Aleppo, a oposição vai controlar apenas alguma áreas rurais e pequenas cidades do interior, oque não irá perdurar por muito tempo. As monarquias do golfo, a turquia, e as potências ocidentais perderam o conflito e a chance de derrubar o presidente sírio, graças ao apoio do Irã e da Rússia, além do Hezbollah libanês.
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