Há 15 anos, quando uma
notícia de jornal chamou sua atenção, o diretor Marinho Andrade não sabia o que
ia encontrar na perdida Fordlândia. Depois de sucessivas viagens ao vale do
Tapajós, no interior do Pará, o documentário Fordlândia está pronto para ser lançado
em maio deste ano. “Fiz um filme sobre os homens que viveram nesta cidade,
sobre as dificuldades que encontraram”, explica.
Em 1928, nascia Fordlândia,
uma cidade de estilo americano em plena floresta tropical. “Dois navios vieram
dos Estados Unidos com tudo o que era preciso para construir uma cidade,
inclusive uma usina de força”, afirma Marinho. Pensando em se livrar do monopólio
inglês do látex, o empresário americano Henry Ford conseguiu uma concessão do
governo brasileiro para plantar seringueiras que forneceriam a borracha
necessária para suas fábricas de automóveis.
Fordlândia surpreendia com
modernidades como sistema de água e esgoto, energia elétrica, telefone, fábrica
de gelo, escolas, serraria e hospital. “Havia um hospital modelo com mais de
cem leitos. O primeiro implante do Brasil foi feito em Fordlândia”, afirma o
diretor, que também visitou os Estados Unidos atrás de ex-moradores da epopéia
tropical. Um deles é Charles Townsend, de 68 anos, que viveu em Fordlândia até
os 14 anos. “Ele se reencontrou com sua babá, dona Amélia, que ficou muito
emocionada ao revê-lo”, revela.
Testemunha do aparecimento
da cidade, Eimar Franco, de 90 anos, conta no filme como foram os 15 dias de
queimada que precederam a construção da cidade americana. “Faíscas atravessavam
os três quilômetros que ligam Belterra a Fordlândia”, afirma o morador, para as
lentes de Marinho, que não deixaram de captar a situação de abandono em que se
encontra Fordlândia. “Depois que os seringais de Ford foram tomados pela praga,
nos anos 40, a cidade foi abandonada pelos americanos e hoje está sendo
depredada por moradores da região”, revela.
Revista de História da
Biblioteca Nacional, Edição nº 7, janeiro/2006.
Enviado por: Profº Marcelo
Osório Costa, 6/7/16.
Benefícios comerciais, industriais, trabalhistas, etc., a troco de quê? Desmatamentos, exploração, desrespeito cultural, entrega de poder e de uso e abuso do espaço brasileiro a norte-americanos. O desconhecimento da região em prol ao capitalismo levou ao fracasso de Fordlândia porque nada na Amazônia pode ser feito sem considerar a riqueza da região.
ResponderExcluirHenry Ford e o revolucionarismo relacionado aos mecanismos de produção.. Incrivél! Porém como contradição a situação atual da Fordlândia, que se tornou apenas uma área de total abandono e curto aproveitamento se comparado com o desmatamento e os malhes causados a região amazônica.
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