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domingo, 30 de outubro de 2016

Juventude exemplar.

Representante dos estudantes que ocupam mais de mil escolas no país, Ana Júlia Ribeiro prova que ao menos uma porção importante da sociedade reage ao estado de exceção.


Ana Júlia discursa na Assembleia Legislativa do Paraná e prova que os estudantes sabem o que fazem.

Uma jovem pouco mais que adolescente, Ana Júlia Ribeiro representa admiravelmente os estudantes que hoje ocupam mais de mil escolas em todo o País. Movimento praticamente ignorado pela mídia porque mostra que uma porção importantíssima da sociedade reage ao Estado de exceção imposto por um governo a serviço da casa-grande. Aqui há desassombro, articulação, apego à razão, espírito crítico. Indignação, também, inconformismo. Sinais preciosos de uma rebelião salutar, a justificar, em meio ao descalabro da situação, uma esperança no futuro, próximo até.
No último dia 26 de outubro, a secundarista Ana Júlia, de 16 anos, subiu ao Plenário da Assembleia Legislativa do Paraná para falar aos deputados sobre as ocupações nas escolas do Estado. “De quem é a escola? A quem a escola pertence?”, questionou os parlamentares com a voz ainda embargada ao citar o inciso 6º, do artigo 16, da Lei nº 8.069. “Acredito que todos aqui já saibam a resposta. E é com a confiança de que vocês conhecem essa resposta que eu falo sobre a legitimidade desse movimento”, emendou. A legislação de 1990, mencionada pela estudante, garante à criança e ao adolescente o direito de participar da vida política.
A partir dessa pergunta, diante de dezenas de políticos paranaenses, alguns incomodados, Ana explicou de forma dura e sensível, alternadamente, todas as razões do movimento que ocupava, até o fechamento desta edição, mais de mil escolas em todo o País, sendo quase 850 apenas no Paraná. Estudante secundarista do Colégio Estadual Senador Manoel Alencar Guimarães (Cesmag), de Curitiba, ela falou sobre como a educação era a única bandeira de um movimento apartidário.
“Eu convido vocês a participar das nossas ocupações, a nos visitar, a nos conhecer de perto”, disse aos deputados. “É um insulto a nós que estamos lá, nos dedicando, procurando motivação todos os dias, sermos chamados de doutrinados. (…) Não estamos lá pra fazer baderna, não estamos de brincadeira, a gente está lá porque acredita no futuro do nosso País. (…) O movimento estudantil nos trouxe mais conhecimento de política e cidadania do que todo o tempo que estivemos sentados e enfileirados em aulas-padrão”.
A fala de Ana Júlia invadiu as redes sociais e se tornou simbólica do movimento em defesa da educação e ignorado pela mídia.
Poucas horas após a participação na Assembleia, o vídeo com o depoimento de Ana começou a se alastrar nas redes sociais. No dia seguinte, havia mais de 1 milhão de visualizações em apenas uma das postagens no Facebook. Isso porque o discurso e a emoção da adolescente se tornaram o símbolo de um movimento em defesa da educação que resiste a ataques e tentativas de desarticulação.
Como a estudante explica aos deputados, o movimento de ocupação de escolas públicas começou no início de outubro, no Paraná, por conta da MP 746, publicada pelo governo Michel Temer em setembro, que impôs uma reforma no ensino médio sem que os pontos fossem debatidos com a sociedade brasileira. Entre as novidades, a Medida Provisória traz a implementação do turno educação integral a partir de 2017. De acordo com o texto, publicado em 22 de setembro, a carga horária mínima para os estudantes do ensino médio passa a ser de 1,4 mil horas, em vez das atuais 800 horas/ano.
O ponto mais polêmico, no entanto, diz respeito à flexibilização da grade curricular. Com isso, metade da carga horária do ensino médio teria como disciplinas um conteúdo considerado obrigatório, definido pela Base Nacional Comum Curricular, ainda em processo de discussão, e o restante definido pelos interesses do próprio aluno. Isso quer dizer que, a partir do meio do segundo ano, os secundaristas devem escolher entre cinco trajetórias: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica profissional.
Por conta disso, o texto da MP coloca artes e educação física, por exemplo, como obrigatórias apenas nos ensinos infantil e fundamental, o que indica que essas disciplinas poderiam deixar de ser mais aplicadas no nível médio. O governo Temer chegou a divulgar ainda que sociologia e filosofia deixariam de fazer parte do grupo de disciplinas, mas voltou atrás pouco antes da publicação do texto por causa da polêmica. Agora, oficialmente, o governo federal diz que essas matérias para serem incluídas estão sujeitas ao resultado de consulta popular da Base Nacional Comum.


Foram algumas das mudanças que geraram reação imediata dos secundaristas. As primeiras ocupações, embriões ao movimento, aconteceram justamente em escolas localizadas em regiões periféricas. A primeira delas foi no Colégio Estadual Padre Arnaldo Jansen, em um bairro de São José dos Pinhais, cidade localizada a 13 quilômetros da capital paranaense.
“A gente se reuniu no shopping com uma galera de vários colégios para falar da MP. A partir disso, marcamos uma reunião na praça, aqui de São José dos Pinhais, e criei um evento no Facebook. Foram 400 pessoas. Vieram secundaristas até de Curitiba”, explica Mariana da Silva Gomiela, de 16 anos, estudante do 2º ano do ensino médio no Jansen.
ara saber como entrar nas escolas e permanecer em forma de protesto, a estudante conta que leu um manual, que reúne dicas de estudantes chilenos e argentinos sobre o assunto. O documento foi produzido a partir da experiência do movimento secundarista no Chile em 2011. “A gente saiu pelas ruas em protesto, mas a gente sabe que passeata não dá mais em nada no Brasil. Então deliberamos sobre ocupar os colégios”, complementa.
Atendente de telemarketing antes do início das ocupações, e, por conta do movimento, ela acabou perdendo o emprego, Mariana vê a questão do ensino em tempo integral como o principal obstáculo para os estudantes mais pobres. “A reforma do ensino médio prevê aula em tempo integral. Isso é irreal, porque muitos dos alunos de escola pública, principalmente, trabalham por necessidade, para ajudar a família a ter o que comer”, afirma. “E mesmo assim muitos deles já deixam a escola. Se for aula integral, ele vai optar por trabalhar em vez de estudar”, conta.


Alckmin cuida de pôr a força na rua.

A partir da primeira ocupação, no dia 4 de outubro, os secundaristas de outros colégios começaram a levar o debate para suas escolas e outras unidades foram ocupadas em São José dos Pinhais. Em dois dias, o movimento chegou a Curitiba, alcançou mais de 20 escolas e se alastrou pelo Paraná. Nesse meio-tempo, os estudantes ganharam mais uma razão para o levante: a aprovação da PEC 241. No dia 11 de outubro, a proposta que congela os gastos primários pelos próximos 20 anos, como saúde e educação, passou em primeiro turno na Câmara dos Deputados, com 366 votos. Com isso, surgiram os primeiros cartazes e faixas contra a proposta nas grades e portões das escolas ocupadas.
A onda chegou a Minas Gerais, estado que possui a segunda maior quantidade de escolas ocupadas. Os secundaristas mineiros ocuparam mais de 60 escolas, sendo a maioria na região de Uberlândia. Na sequência, foram registrados movimentos semelhantes em estados como Rio Grande do Sul, Goiás e Espírito Santo. No total, 19 estados e o Distrito Federal já tiveram escolas ocupadas desde o começo do mês. Em São Paulo, a maioria das intervenções está sendo feita em institutos federais. Nas duas tentativas de ocupação de escolas estaduais, rapidamente, a Polícia Militar, a mando do governador Geraldo Alckmin, reprimiu o movimento. O estado foi palco de grande mobilização dos secundaristas no ano passado, quando os estudantes conseguiram evitar que o governo tucano fechasse algumas escolas, na chamada “reorganização escolar”. Esse movimento foi uma das inspirações para as primeiras ocupações no Paraná.
Assim como o estado sulista, parte considerável dos secundaristas paulistas vinha de regiões periféricas ou de famílias de baixa renda. Na época, uma pesquisa feita por professores da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal de São Paulo, junto a uma passeata dos estudantes do ensino médio, mostrou que 46% deles tinham renda familiar de no máximo até três salários mínimos e 33,6% eram negros ou pardos.
“Há a educação formal, com aulas de química, física, matemática, que não dialoga mais com o jovem, e este não suporta mais ficar somente sentado escutando, e há uma educação informal, que o jovem tem pela internet, grupos, rede social, fora da escola. Por isso, mesmo com a escola sucateada, o jovem está se politizando”, opina a professora Esther Solano (Unifesp), que estuda as manifestações. E acrescenta: “Talvez ele não tenha uma boa aula de química, mas vai para as manifestações, conversa em grupos, tem toda uma rede informal de educação que não passa mais pela escola”.


O presidente Traiano, enquanto Ana Júlia fala, ri, mas não tem um único, escasso pingo de senso de humor.

Como mais de 80% das escolas ocupadas estão no Paraná e a mídia ignorou o movimento nacionalmente, o debate se tornou mais intenso na capital paranaense e em cidades do interior do estado. Logo virou assunto também das eleições em Curitiba, onde Ney Leprevost (PSD) e Rafael Greca (PMN) disputam a prefeitura em segundo turno. Greca conta com o apoio do governador Beto Richa.
Quando o movimento ainda era tímido, Richa disse que os estudantes estavam sendo usados por políticos do PT e da Central Única dos Trabalhadores e entrou com diversos pedidos de reintegração de posse por meio da Procuradoria-Geral do Estado. Debochou. “Uma perfeita doutrinação”, sentenciou. Não imaginava que a afirmação seria respondida por Ana Júlia Ribeiro, na própria Assembleia Legislativa, quase um mês depois.
Assim que o movimento se espalhou pelas cidades do Paraná, o governador mudou o discurso. Pela imprensa, garantiu aos estudantes que não aplicaria a reforma do ensino médio no estado antes de um amplo debate. Mas o governo federal entrou em cena. O ministro da Educação, Mendonça Filho, chegou a dizer que cancelaria o Enem nas escolas ocupadas, caso os protestos continuassem.
Uma semana após essa afirmação, um estudante foi morto dentro de uma das escolas ocupadas. Lucas Eduardo Araújo Mota, de 16 anos, morreu após ser esfaqueado na região do tórax e pescoço por um amigo de infância, de 17 anos. Ambos participavam da ocupação no Colégio Estadual Santa Felicidade, em Curitiba. Estudantes ouvidos pela Polícia Militar afirmam que os dois chegaram à escola com comportamento estranho e um deles, quando questionado, teria assumido que os dois usaram uma droga psicodélica mais cedo.
Os estudantes reclamam também dos líderes de movimentos de esquerda, ligados a partidos, que chegam para se promover.
A tragédia despertou a ira dos que classificam as ocupações como “badernas” e acusam os estudantes de depredar os locais de ensino, usar drogas e praticar sexo. A morte de Lucas carece de uma investigação apurada, embora diversas autoridades a digam anunciada. Ana Júlia também respondeu aos que fazem uso político do episódio. “Ontem eu estava no velório do Lucas e não me recordo que algum desses rostos aqui presentes estivesse lá. Empolgada, prosseguiu: “As mãos de vocês estão sujas com o sangue do Lucas”. Reagiu o presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB, aliado de Beto Richa), que ameaçou suspender a sessão. Tão representativo de uma categoria tosca que ignora a bonomia, para não dizer senso de humor. Tivesse tais qualidades, tão insólitas no panorama, diria: “Não me sinto com as mãos ensanguentadas, mas prossiga”.
Além de alvos do governo do Estado e de uma parcela de professores ou diretores de colégios, os estudantes secundaristas parecem estar no meio da polarização que tomou conta de organizações de esquerda e direita. No Paraná, os secundaristas relatam que rojões ou pedras são usados contra as escolas durante a noite. Alguns atribuem os ataques aos movimentos de direita que intensificaram suas ações no estado após o crescimento das ocupações.
Os estudantes reclamam ainda dos líderes de movimentos estudantis de esquerda, ligados a partidos políticos tradicionais, que costumam entrar nas ocupações para colocar bandeiras ou passar palavras de ordem. Esse tipo de imposição gerou rejeição às principais uniões estudantis. Muitos colégios não têm sequer a bandeira da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). “Chegou um líder da União Paraense dos Estudantes Secundaristas (Upes) aqui, tirou uma foto dele na ocupação e cinco minutos depois foi embora porque tinha de viajar. Nem ajudar a carregar as coisas ele ajudou”, diz uma secundarista que prefere não se identificar.



O ministro Mendonça Filho chegou a ameaçar com a cancelamento do Enem nas escolas ocupadas. O governador Richa de início falou em "perfeita doutrinação", depois prometeu não aplicar a reforma e, enfim, curvou-se ao governo federal.

Nas visitas em que fez aos colégios ocupados, CartaCapital encontrou um cenário bem distinto do descrito em grupos do Facebook que são críticos às ocupações. Muitos colégios colocam, como condição para a entrada, uma revista dos pertences pessoais de alunos, pais e professores. Mais do que isso, os estudantes adotaram escalas e divisão de tarefas. Todos reproduzem um sistema parecido. Os ocupantes dividem-se em comissões, de comunicação, segurança e cozinha, entre outras. Cada qual fica responsável por atividades de uma área. Além disso, em todos as ocupações, há cartazes com os horários estabelecidos para limpeza, almoço, jantar e horário de dormir. Os estudantes também dividiram as salas em dormitórios masculinos e femininos. Muitos pais passam a noite na ocupação com seus filhos e ajudam nas atividades de limpeza, cozinha ou segurança. “Grande parte da sociedade, ainda que aceite que a educação deve melhorar, coloca a ordem pública acima de tudo. As escolas estão rompendo com essa ordem. Mas eles querem uma escola diferente. Não querem mais essas escolas tradicionais”, afirma Esther Solano.
A organização interna nas ocupações não tem impedido que o Ministério Público, ou conselheiros tutelares, também se empenhem contra a ocupação. Em Miracema do Tocantins, cerca de 20 estudantes da Escola Dona Filomena Moreira de Paula teriam sido retirados à força de uma das escolas e levados algemados à delegacia com o aval de um promotor. Ameaças também foram registradas em escolas do interior do Paraná, onde os promotores estariam preparando ações civis contra os jovens. “Parece haver promotores tentando identificar alguns dos estudantes”, explica a advogada Tânia Mandarino, do grupo Advogados e Advogadas pela Democracia, que auxilia as ocupações.
Os estudantes querem continuar com o movimento. Um estudante de 18 anos, que preferiu não se identificar, está em uma das escolas fechadas de São José dos Pinhais. Secundarista do 3º ano do ensino médio, ele trabalha como porteiro em um clube de classe média da cidade. Recebe pouco mais de 600 reais por mês e não é registrado. “Todo mundo do ensino médio aqui nesta escola trabalha. Se eu estivesse no 1º ou no 2º ano, com essa MP de educação integral, eu já teria saído da escola. Não é porque vou terminar o curso que não vou lutar, é o direito do meu irmão, da minha família. Em vez de aumentar os gastos com educação, querem cortar o que já não tem?”
*Colaborou Ingrid Matuoka.
Pílulas da sabedoria de Ana Júlia:
 “A minha pergunta inicial é: de quem é a escola? A quem a escola pertence? Acredito que todos aqui já saibam essa resposta, e é com a confiança de que vocês conhecem essa resposta que eu falo sobre a legitimidade deste movimento, sobre a legalidade.”
“A reforma da educação é prioritária, mas precisamos de uma reforma que tenha sido debatida, conversada, que precisa ser feita pelos profissionais da área da educação. A Medida Provisória tem seu lado positivo, mas tem muitas falhas. Se colocarmos ela em prática com essas falhas, o Brasil vai estar fadado ao fracasso.”
“A nossa única bandeira é a educação. Somos um movimento apartidário, dos estudantes pelos estudantes. Que futuro o Brasil vai ter se não nos preocuparmos com o senso crítico? Temos de ser contra um analfabetismo funcional, que é um grande problema no Brasil hoje.”
“A PEC 241 é outra afronta. É anticonstitucional, é uma afronta à Constituição Cidadã de 1988. Nela a gente tem a seguridade social, e a PEC 241 acaba com isso.”
“O Escola Sem Partido nos insulta, nos humilha, nos fala que não temos capacidade de pensar.”
Fonte http://webviewer.iba.com.br/viewer?ticket=4426bef3f57377c4d1851e38a0a6e80d
Revista CartaCapital 2 de Novembro de 2016 - Ano XXII - Nº 925.

Enviado por: Profº Marcelo Osório Costa.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Tensões na América do Sul: Instabilidade nas fronteiras da Venezuela e acordo de paz na Colômbia.

A América do Sul está distante dos principais conflitos do mundo hoje. Próximos ao Brasil, pequenos conflitos vão ganhando dimensão e provocam alertas e reflexões nos extremos do continente.
Colômbia: trégua entre o governo e as Farc.
Na Colômbia, um acordo histórico está prestes a ser selado. Desde o primeiro semestre de 2015, o governo colombiano e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) deram início a uma série de tratativas buscando um processo de paz definitivo.
O acordo está sendo costurado em Havana (Cuba), com intermédio do presidente cubano, Raúl Castro e por representantes das Nações Unidas. As negociações deverão se estender até março de 2016.
O presidente colombiano Juan Manuel Santos determinou a suspensão de bombardeios contra os guerrilheiros e a realização de um plebiscito com a população para legitimar o acordo. Já o líder das Farc, Timoleón Jiménez, protocolou o cessar-fogo e afirmou que as unidades começarão a se desarmar 60 dias depois da assinatura do documento final. Em breve, as Farc deverão se tornar um movimento político legalizado.
As Farc existem há 50 anos e defendem a implantação do socialismo no país. Os embates envolvendo o governo e os rebeldes representam o mais longo conflito armado no hemisfério e provocaram 220 mil mortes e seis milhões de refugiados.
A agenda do acordo conta com a negociação de diversos pontos como a contenção do comércio de drogas envolvendo a guerrilha (boa parte do financiamento das Farcs vem do plantio e comercialização da coca), o julgamento de crimes de guerra, a retirada de minas e novas medidas de reforma agrária.
As duas partes acertaram uma "ampla anistia" após o fim do conflito, que perdoaria o delito político, excluindo os crimes contra a humanidade. Será criada na Colômbia uma jurisdição especial que contará com um tribunal que deve promover a reparação das vítimas e julgar e impor penas aos responsáveis pelos crimes graves cometidos durante os anos de conflito.
O governo colombiano e as Farc já realizaram negociações de paz anteriormente, a última no fim dos anos 1990 e começo dos 2000, mas terminaram em fracasso e as hostilidades foram retomadas. O atual acordo foi iniciado formalmente em novembro de 2012.
Venezuela: tensão interna e brigas diplomáticas com os vizinhos.
Em agosto de 2015, uma emboscada feriu alguns militares venezuelanos que patrulhavam a região de fronteira com a Colômbia na tentativa de evitar o contrabando de alimentos e combustíveis. Três militares venezuelanos ficaram feridos.
Como resposta, mil colombianos que viviam ilegalmente no país vizinho foram deportados pelo governo do presidente Nicolás Maduro, que chegou a fechar parte da divisa e a decretar estado de exceção nos municípios da região. O presidente afirmou que estava evitando a ação de milicianos envolvidos no contrabando e no narcotráfico.
A expulsão em massa e o fechamento da fronteira agravaram as relações entre Colômbia e Venezuela. O pior cenário seria a possibilidade de um confronto armado nos limites entre os países.
E o que estaria por trás dessa ação? Ainda é cedo para ter respostas. Segundo declarações do presidente colombiano Juan Manuel Santos, as ações de Maduro têm motivação de natureza de política interna.
Para ele, um possível conflito armado poderia melhorar a popularidade do governo antes das eleições legislativas marcadas para dezembro, ou mesmo de suspender estas eleições sob o pretexto de conflito externo. Este mês, a Venezuela esfriou a tensão e adotou um tom conciliador, autorizando o retorno dos deportados e a abertura das fronteiras.
Maduro também elevou o tom de voz com outro vizinho, a Guiana. Em julho, o presidente venezuelano reivindicou a soberania da região do Essequibo. A disputa pelo território situado em dois terços do solo guianense é antiga e remonta ao final do século 19, quando a fronteira entre os dois países foi delimitada.
O presidente da Guiana, David Granger, reclamou que seu país está sendo alvo de provocações e afirma que a questão já foi resolvida no século 19. Para ele, o que estaria por trás do atual interesse da Venezuela são as recentes descobertas de grandes jazidas de petróleo e recursos naturais na região. Granger busca apoio do Brasil e do Tribunal de Haia para mediar o conflito.
Já a Venezuela sempre considerou a região “em disputa” e o pediu apoio das Nações Unidas. Seu argumento é baseado no Acordo de Genebra, de 17 de fevereiro de 1966, subsequente à independência da Guiana, segundo o qual a região ainda está “por negociar”. Para pressionar, o governo venezuelano suspendeu o intercâmbio de petróleo por arroz com o país, afetando a economia guianesa.
Crise econômica e protestos na Venezuela.
Maduro é herdeiro político direto do presidente Hugo Chávez, que assumiu a Presidência da República em 1999 e faleceu em 2013. Desde que subiu ao poder, o atual presidente enfrenta uma grave crise econômica, provocada pela queda dos preços do petróleo e de uma política econômica instável.
O arrocho econômico aumentou a insatisfação da população e o apoio à oposição. O governo tem sido alvo de recentes protestos contra a inflação, o aumento da criminalidade, a escassez de produtos nos mercados e a prisão de universitários oposicionistas. Segundo pesquisas, com a baixa popularidade de Maduro, a oposição tem chances reais de ganhar a maioria legislativa nas eleições de dezembro.
O momento mais dramático ocorreu em setembro, com a prisão do líder opositor Leopoldo López. Ele foi julgado e condenado a quase 14 anos de prisão por incitar a violência nos protestos contra o governo. As acusações incluem "incitação pública, danos à propriedade, incêndio e formação de quadrilha" nos protestos que deixaram 43 mortos entre fevereiro e maio de 2014.
López era a principal liderança da oposição e, segundo o governo, faz parte de um grupo que tenta dar um golpe de Estado no país. Representantes de organizações de direitos humanos, com a Anistia Internacional, alegam que houve abuso de poder no julgamento e que não existem evidências que justifiquem a detenção de Leopoldo López. Países membros do Mercosul silenciaram em relação à questão.
O imbróglio das Ilhas Malvinas.
O conflito histórico entre o Reino Unido e a Argentina pelas Ilhas Malvinas ganhou um novo episódio esse ano. Em abril, a Argentina decidiu recorrer aos tribunais com uma denúncia penal para tentar impedir as prospecções que cinco petroleiras, três delas britânicas, estão realizando a cerca de 200 quilômetros dessas pequenas ilhas. Segundo o governo argentino, as empresas estariam realizando explorações ilegais de hidrocarbonetos em sua plataforma continental.
A Grã-Bretanha ocupa e administra as ilhas desde 1883, mas a Argentina sempre questionou a soberania britânica de um território que antes era argentino. A Guerra das Malvinas foi um conflito entre Grã-Bretanha e Argentina em 1982 pelo controle de um pequeno arquipélago no Atlântico Sul, as Ilhas Malvinas - conhecidas em inglês como Falklands. O conflito deixou 649 mortos e 1.300 feridos. 
O governo britânico mantém uma base militar nas ilhas, onde se estima que haja 1500 soldados. Em março, alegando o interesse de proteger as ilhas contra ameaças ligadas a um suposto acordo entre Buenos Aires e Moscou para a compra de aviões russos, a Grã-Bretanha anunciou um investimento de 280 milhões de libras, ao longo dos próximos dez anos, para reforçar a defesa da região.
Escrito por: Carolina Cunha
Fonte: http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/tensoes-na-america-do-sul-instabilidade-nas-fronteiras-da-venezuela-e-acordo-de-paz-na-colombia.htm

Enviado por:  Kelen Barbosa Fernandes – 3° Ano do Ensino Médio.

Entenda o que é a PEC 241 e como ela pode afetar sua vida.

Com o objetivo de congelar gastos públicos e contornar a crise econômica, proposta divide especialista.
O que é a PEC do teto de gastos?
A PEC, a iniciativa para modificar a Constituição proposta pelo Governo, tem como objetivo frear a trajetória de crescimento dos gastos públicos e tenta equilibrar as contas públicas. A ideia é fixar por até 20 anos, podendo ser revisado depois dos primeiros dez anos, um limite para as despesas: será o gasto realizado no ano anterior corrigido pela inflação (na prática, em termos reais - na comparação do que o dinheiro é capaz de comprar em dado momento - fica praticamente congelado). Se entrar em vigor em 2017, portanto, o Orçamento disponível para gastos será o mesmo de 2016, acrescido da inflação daquele ano. A medida irá valer para os três Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. Pela proposta atual, os limites em saúde e educação só começarão a valer em 2018.
Por que o Governo diz que ela é necessária?
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, diz que "não há possibilidade de prosseguir economicamente no Brasil gastando muito mais do que a sociedade pode pagar. Este não é um plano meramente fiscal." Para a equipe econômica, mesmo sem atacar frontalmente outros problemas crônicos das contas, como a Previdência, o mecanismo vai ajudar "a recuperar a confiança do mercado, a gerar emprego e renda" ao mesmo tempo em que conterá os gastos públicos, que estão crescendo ano a ano, sem serem acompanhados pela arrecadação de impostos. Para uma parte dos especialistas, pela primeira vez o Governo está atacando os gastos, e não apenas pensando em aumentar as receitas.
Qual o impacto da PEC no salário mínimo?
A proposta também inclui um mecanismo que pode levar ao congelamento do valor do salário mínimo, que seria reajustado apenas segundo a inflação. O texto prevê que, se o Estado não cumprir o teto de gastos da PEC, fica vetado a dar aumento acima da inflação com impacto nas despesas obrigatórias. Como o salário mínimo está vinculado atualmente a benefícios da Previdência, o aumento real ficaria proibido. O Governo tem dito que na prática nada deve mudar até 2019, data formal em que fica valendo a regra atual para o cálculo deste valor, soma a inflação à variação (percentual de crescimento real) do PIB de dois anos antes. A regra em vigor possibilitou aumento real (acima da inflação), um fator que ajudou a reduzir o nível de desigualdade dos últimos anos.
Fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/10/politica/1476125574_221053.html

Enviado por: Bárbara Cristina Ferreira Almeida – 3°ano do Ensino Médio 

domingo, 16 de outubro de 2016

Vídeo - Mulheres em movimento.

"No dia que for possível à mulher amar em sua força e não em sua fraqueza, não para fugir de si mesma, mas para se encontrar, não para se renunciar, mas para se afirmar, nesse dia o amor tornar-se-á para ela, como para o homem, fonte de vida e não perigo mortal". (Simone de Beauvoir).


Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=vC9fRY_sqi4



Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=NB-hglQil-w

Desde a chegada dos portugueses à costa brasileira, a instalação das plantações de cana de açúcar e a importação de milhões de escravos africanos para trabalhar nos engenhos que se espalharam pelo litoral, a mulher no papel de companheira, mãe ou filha se destacou. No início não se tratava exatamente da mulher branca. Caramuru, na Bahia, unido a Paraguaçu, e João Ramalho, fundador de Santo André da Borda do Campo, casado com Mbici ou Bartira, deram o exemplo. (..)
A dispersão dos núcleos de povoação reforçou as funções da família no interior da qual a mulher era mantida enclausurada. Ela era herdeira das leis ibéricas que a tinha na conta de imbecilitas sexus: incapaz, como crianças ou os doentes. Só podia sair de casa para ser batizada, enterrada ou se casar. Sua honra tinha de ser mantida a qualquer custo. O casamento, quando havia bens a se preservar, era organizado para manter a paz entre vizinhos e parentes, estes últimos sendo os escolhidos com mais frequência como maridos.
Pobre ou rica, as mulheres possuíam um papel: fazer o trabalho de base para o edifício familiar – educar os filhos segundo os preceitos cristãos, ensinar-lhes as primeiras letras e atividades, cuidar do sustento e da saúde física e espiritual deles, obedecer e ajudar o marido. Ser, enfim, a “santa mãezinha”. Se não o fizesse, seria confundida com um “diabo doméstico”. Afinal, sermões difundiam a ideia de que a mulher podia ser perigosa, mentirosa e falsa como uma serpente. (...) O modelo ideal era Nossa Senhora, modelo de pudor, severidade e castidade.
A Soma dessa tradição portuguesa com a colonização agrária e escravista resultou no chamado patriarcalismo brasileiro. Era ele que garantia a união entre parentes, a obediência dos escravos e a influência política de um grupo familiar sobre os demais. Tratava-se de uma grande família reunida em torno de um chefe, pai e senhor, forte e destemido, que impunha sua lei e ordem nos domínios que lhe pertenciam. Sob essa lei, a mulher tinha de se curvar. (Del Priore, 2013, p.9-10).

Enviado por: Profº Marcelo Osório Costa.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Juca Rosa: o poderoso senhor dos terreiros e dos corações

Houve pais e mães de santos tão renomados, que sua popularidade ultrapassou a fronteira das províncias. Foi o caso de Juca Rosa que passou alguns meses na Bahia se instruindo nos mistérios da religião africana. Ao voltar à capital, fundou um terreiro bem-sucedido em bairro conhecido como Pequena África, onde os negros descidos das províncias do Norte e Nordeste se concentravam.
O fato de haver mais homens nas lideranças religiosas não significava que eles tivessem mais oportunidade do que as mulheres para se estabelecer como adivinhos e curandeiros. Mostrava apenas que o costume africano segundo o qual a adivinhação ou a arte do Fa, era prerrogativa de babalaôs, havia sido quebrada.
Mas vamos conhecer João Sebastião da Rosa ou Juca Rosa, “senhor de forças sobrenaturais” e uma das maiores lideranças religiosas na década de 70. Ex-praça do exército descrevia-no como um “crioulo entre 36 e 40 anos”, “de olhos vivos e penetrantes”, alfaiate de profissão, sempre elegante no trajar, alfabetizado, cuja mãe africana lhe legou “um arcano de dar fortuna”.  Aborreceu-se no trabalho e abraçou a “nefanda procissão” de feiticeiro.
O processo foi deflagrado por uma denúncia anônima enviada à Justiça, e publicada no jornal Diário de Notícias que ai viu a possibilidade de monopolizar o tema e multiplicar vendas. Seguiram-se notícias sobre sua prisão, sempre sob o título de “Importante diligência policial”.  A seguir, em letras maiúsculas vinha a lista de “crimes” por ele cometidos: “sortilégios, evocações, estelionatos, roubos, defloramentos, remédios para que adúlteras encobrissem suas faltas, mortes, propinações de veneno, abusos de confiança, ataques à religião, seitas proibidas, reuniões secretas, feitiçaria”. E durante meses, a venda de jornais incentivou uma sucessão de artigos escandalizados.
Segundo o mesmo jornal, quem o acusava era um jovem de 24 anos que conheceu o Juca, líder de uma “irmandade conhecida até na Europa”, quando buscou tratamento para um braço doente. Adiantou-lhe 30$000 para compra de remédios e participou de uma cerimônia. Assistiu Juca realizar uma “amarração”: cercado de “bugigangas” descalço e sem paletó. Dando saltos, mudando de voz e em meio às cantorias, segundo seu acusador, ele convertia inimizade em afeição, aconselhando também “os meios de se vencer quaisquer dificuldades na vida”. Segundo a matéria do jornal, “e era nesse momento que todos os assistentes lhe beijavam a mão direita e batiam com a cabeça no chão”.
Na Rua da Carioca 36, novo ritual de amarração entre uma jovem portuguesa e um “opulento negociante que a freqüentava. Ali, Juca estendeu um pedaço de pano, e sobre este, em forma de cruz, outro encarnado e preto, pondo-se sobre tudo, um urubu, um anu, pimenta de Angola, farinha, azeite de dendê, milho e acaçá. Feito isso, comparecia a consultante e Rosa fazia-lhe passar um galo pelo corpo em todas as direções, pronunciando algumas palavras ininteligíveis. Após, cortava-se o pescoço da ave e a consultante esquartejava-a enchendo-a dos ingredientes e mandando-a colocar à porta da igreja de São Francisco de Paula”.
A moça não só lhe entregara um anel de brilhantes em pagamento dos serviços, como lhe dera dinheiro, vendera sua mobília para arcar com despesas e, diziam, prestara-se a serviços sexuais.
A irmandade tinha cerca de 30 pessoas e Juca se auto-proclamava Pai Quibombo. Segundo o jornal, ele extraía ferros e agulhas de ferimentos, preparava medicamentos que levavam à sepultura, se casava com várias mulheres no “gongá”, batizava seus filhos segundo rituais pagãos diante de um ídolo, o Manipanço, promovia danças eróticas em frente à imagens santas, e as “filhas que não cumprissem obrigações” pagavam-lhe multas em dinheiro. Elas trabalhavam e participavam das cerimônias descalças e algumas “nuas” – escandalizava-se o jornal! A maioria das mulheres era fanaticamente dedicada a Juca. Ele era conhecido por “inspirar paixões, tirar o vigor dos indivíduos, fazê-los adoecer e sucumbir a moléstias”. E tudo por dinheiro – rugiam os articulistas!
O “nigromante” recebia numa vila situada à Rua do Núncio, depois de um “banho de ervas cheirosas”, diante de um altar com imagens, castiçais e salva de prata para receber dinheiro. Nesse ambiente de luz mortiça e sepulcral, tocavam-se as “macumbas”. Distribuíam-se breves para usar junto ao pescoço, cantava-se em língua africana e com “o espírito na cabeça”, Juca caia como morto. Era aí que dava consultas como “Pai Quibombo”. A região era infestada de cortiços, casas de fortuna e prostíbulos. Mas em seu candomblé eram recebidas muitas senhoras elegantes com quem Juca teve ligações mais do que espirituais. Sedutor e carismático acabava por enfeitiçar as próprias clientes a quem fazia segundo algumas, “propostas indecorosas”. Era adorado pelas belas e jovens que lhe prestavam serviços sexuais.
As notícias sobre seu julgamento faziam vender jornais, afinal, consideravam-no “capaz de enganar o próprio Deus” e “salteador da honra, do pudor e da fortuna”! As diversas testemunhas que se apresentaram ao júri relataram uma “coleção de cenas dignas de pena do mais extravagante romancista”. O que impressionava era o número de amantes e de acolitas adúlteras capazes de tudo pelo Juca, inclusive, dar-lhe dinheiro. E muito.
A curiosidade pública transformou Juca num “herói de horrores”, segundo uma dessas folhas. Não faltava quem acusasse: curandeiros como ele infestavam a cidade e “tudo isso vive à sombra de inqualificável proteção” e nas barbas das autoridades. Era fanatismo. Pois nenhuma queixa para “por cobro nos atos de selvageria”, chegara jamais aos ouvidos da polícia. Juca era protegido por “políticos e capitalistas”.
Nas fórmulas mágicas que vendia, não faltava a presença do catolicismo. Sincretismo, aculturação, mestiçagem? Pouco importava. O respeitável era funcionar como se vê nessa “Receita para os homens se verem obrigados a casar com suas amantes”:
“Tomem-se 26 folhas de erva de santa Luzia e depois de cozidas em seis decilitros de água, meta-se numa garrafinha branca bem arrolhada, até que tenha no fundo alguns farrapos, e sobre o gargalo dessa garrafa reza-se a seguinte oração:
‘Ó santa Luzia, que sarais os olhos, livra-nos de escolhos, de noite e de dia; ó santa Luzia, bendita sejais por serdes bendita, no céu descansais’.
Aqui tira-se um 7 de um baralho de carta e põe-se-lhe em cima a garrafa, dizendo: ‘Em nome do Padre, do Filho e do Espírito santo, te imploro, Senhora, que assim como esta carta está segura, assim eu tenha seguro por toda a vida a (fulano) a quem amo de todo o coração e peço-vos Senhora, que façais com que me leve à Igreja, nossa mãe em Cristo Senhor Nosso’. Rezar, em seguido uma coroa à Nossa Senhora. É preciso manter a carta debaixo da garrafa até o dia do casamento”.
O julgamento teve início no dia 5 de janeiro de 1871. A sala lotada de autoridades, gente elegante, “madamas” e seguidores, mais pareciam uma festa. Um “hábil advogado”, certo Dr. Felipe Jansen de Castro Albuquerque, foi escolhido para defender Juca. Segundo o Diário de Notícias, os advogados de acusação tiveram que conduzir uma “luta heróica para arrancar a verdade” de testemunhas aterrorizadas pelo olhar que o bruxo lhes lançava. O Diário prosseguiu sua campanha enumerando feitiços e mortes promovidas por Juca Rosa e alertando as autoridades para prosseguir seu julgamento com “louvável energia”. Que a lei e a ordem não se deixassem embaraçar com “solicitações de potentados ou ameaças insolentes em nome da religião e da moral”.
Seis meses depois, ao final do julgamento, 45 edições de 50 mil exemplares de uma brochura sobre o processo do “famigerado Juca Rosa” eram vendidas nas boas casas do ramo. O feiticeiro foi, então, condenado. Não por bruxarias, pois o Código Criminal do Império não validava tal crime, mas, sim por estelionato.  Embora fosse mais um personagem no mundo do sobrenatural e das mandingas, Rosa chocou por avançar num território proibido na sociedade escravista: o do sexo. Ele era o negro que possuía sexualmente brancas, mulatas e negras. Despertava paixões e alisava canelas, pernas e braços femininos, ambicionados lugares de desejo masculino, para “curá-los”.
Em plena campanha abolicionista, Juca Rosa era o ex-escravo que enfeitiçava iaiás com carícias. Sua magia, mas, sobretudo seu poder sexual, não podia ficar sem castigo exemplar. Foi libertado após seis anos de prisão a 26 de julho de 1877. Voltaria a atuar o poder do Pai Quibambo?! – Mary del Priore.
Fonte: http://historiahoje.com/juca-rosa-o-poderoso-senhor-dos-terreiros-e-dos-coracoes/
Publicado em 2 de abril de 2015 por Márcia - História do Brasil.
Enviado por: Aline Oliveira Rodrigues - 2° ano do Ensino Médio.

Izabela - Cruzadas: Renascimento da Civilização

As Cruzadas foram peregrinações ocorridas nos últimos anos do Império Romano do Ocidente incentivadas pela Igreja Católica, cujo principal objetivo eram pagar promessas, ser absolvido de pecados e alcance de graças divinas. Jerusalém foi o berço dessas peregrinações, por ano milhares de fiéis iam até lá.
Os interesses comerciais e a cobiça por fortuna começou a nascer nos cruzados, então as peregrinações passaram a ser um misto entre religiosidade e realização pessoal. Com isso, o Renascimento Comercial e Urbano deu inicio impulsionado pelas Cruzadas. A vida urbana aos poucos foi ganhando espaço, organizações sociais, politicas e econômicas, como a cobrança de impostos, começaram a existir nesses novos centros urbanos chamados de burgos.
Com o tempo as Cruzadas se mostraram responsáveis pela formação de uma nova vida social que visava o lucro e a possibilidade de mudança de status, o que deu impulso para a consolidação do capitalismo.
Enviado por: Izabela Pereira - 1º ano do Ensino Médio.

Marina - A importância das Cruzadas.

As Cruzadas e os demais assuntos que as rodeiam são de suma importância e até os dias hoje, porque nos ensinaram em breves palavras “o espírito do comércio”.
Assim como tiveram uma importância ainda maior no passado, as Cruzadas contribuíram para a criação de um fluxo comercial que permitiu a introdução de várias mercadorias orientais no cotidiano da Europa, entre vários outros aspectos que sem a ocorrência das cruzadas, hoje não haveria tanto desenvolvimento no comércio e até mesmo em relação à tecnologia, por terem sido como um exemplo muito importante do passado, e que em questões religiosas também predominam até hoje.
Esse e outros pontos da história são de suma importância, no modo de pensar e progredir atualmente, e sem eles tudo poderia ter sido muito diferente, afinal, o modo como cada um agiu em cada momento do passado, interferiu no nosso hoje e foi isso que permitiu todo o nosso progresso.
Enviado por: Marina Silva e Chagas – 1° ano do Ensino Médio.

Gabrielly - A importância das cruzadas.

As Cruzadas começaram a se desenvolver a partir do ano de 476 , o objetivo era retomar a Terra Santa (Jerusalém) do domínio dos muçulmanos e evitar a expansão do islamismo, comprometendo assim o poder do cristianismo .
Essas peregrinações mesclavam o poder militar com o poder da igreja o que era considerado como Guerra Santa. No começo, as Cruzadas tinham como idéia principal a expansão do cristianismo, mas com o avanço dessas peregrinações o objetivo mudou tendo em mente o domínio de novas terras para a exploração e comercio. Essa mudança não agradou a igreja, mas isso trouxe uma grande mudança para o Império Romano.
Esses movimentos fizeram com que o comercio ganhasse importância e um novo modelo econômico fosse implantado, (que antes era o feudalismo) novas rotas comerciais foram aderidas, novos produtos foram comercializados. Esse modelo rompeu com a hierarquia que nascia em uma família rica e poderosa as mesmas características eram atribuídas para os filhos e netos fazendo com que as pessoas começassem a buscar riquezas e lugar na sociedade.
As bases desse modelo econômico são mantidas ate hoje sendo considerada como capitalismo.
Enviado por: Gabrielly Stefani Kersul Teixeira – 1º ano do Ensino Médio.

Paloma - Cruzadas e sua importância.

Os nobres, segundo gênitos, tiravam vantagens das Cruzadas, pois com isso eles adquiriram terras o que levou os mesmos a apoiarem mais as continuidade das Cruzadas contra os infiéis.
Na Idade Média, as festas e os banquetes que eram feitos era no intuito da diversão , mas só foi possível essa diversão acontecer quando expulsaram os muçulmanos de Jerusalém.
Para a Igreja Católica, o movimento significou a possibilidade para a expansão da sua fé.
Entretanto a maior importância das Cruzadas está no fato de elas terem ajudado a iniciar um processo que colocaria o fim ao isolamento da sociedade feudal . Ao mesmo tempo em que cruzavam o continente e o Mar Mediterrâneo e estabeleciam contato entre outros povos, os europeus fortaleciam o comércio e as cidades.
Enviado por: Paloma Souza – 1° ano do Ensino Médio.

Beatriz - Cruzada: graça divina?

As Cruzadas eram embarcações partidas da Europa Ocidental para Jerusalém, a Terra Santa. Elas eram feitas por pessoas com o objetivo de alcançar uma graça divina ou até mesmo como pagamento de promessa, era considerado uma penitência.
Para a Igreja Católica o movimento significou a possibilidade para expansão da sua fé. Entretanto, a importância maior das Cruzadas está no fato de elas terem ajudado a iniciar um processo que colocaria fim ao isolamento da sociedade feudal. Ao mesmo tempo em que cruzavam o continente e o Mar Mediterrâneo e estabeleciam contatos com outros povos, os europeus fortaleciam as cidades e o comércio.
Assim, as Cruzadas, que no início tinham um lado religioso, com o tempo se mostraram responsáveis pela formação de outra ordem social. Elas também propiciaram a economia baseada na moeda e no mercado e favoreceram o crescimento das cidades.
Mas, um dado importante: as Cruzadas representaram a união de um povo em direção de algo comum, que no caso seria o amor a Deus.
Enviado por: Beatriz Dal Bello – 1º ano Ensino Médio.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Maria Eduarda Castro - Cruzadas: Um marco na história cristã.



Uma das características da Idade Média trata-se das Cruzadas, que eram peregrinações cristãs motivadas pelo desejo de as pessoas pagar promessas, ser absolvidas de pecados dentre outros. Esses movimentos militares saíam do Ocidente Europeu em direção à Palestina e à Jerusalém com intenção de tomá-las do domínio dos turco-otomanos.
Denominada como Guerra Santa, as batalhas tinham como justificativa lutar em nome de Deus. As Cruzadas tiveram contribuição no Renascimento Cultural e Urbano, pois as movimentações das peregrinações acabaram gerando um contato da população com mercadorias orientais, que antes não existiam na Europa Ocidental, pois no sistema feudal, as pessoas se dedicavam somente à agricultura.
Portanto, as Cruzadas foram muito importantes para o fim do feudalismo e apesar de os cruzados terem outros interesses, além de religiosos, foi um marco essencial para a igreja cristã.
 Enviado por: Maria Eduarda Castro – 1º ano do  Ensino Médio.

domingo, 9 de outubro de 2016

Música: Samba de Orly.



Samba de Orly.
(Chico Buarque).
Vai meu irmão
Pega esse avião
Você tem razão
De correr assim
Desse frio
Mas beija
O meu Rio de Janeiro
Antes que um aventureiro
Lance mão
Pede perdão
Pela duração (*** Pela omissão)
Dessa temporada (*** Um tanto forçada)
Mas não diga nada
Que me viu chorando
E pros da pesada
Diz que eu vou levando
Vê como é que anda
Aquela vida à toa
E se puder me manda
Uma noticia boa.
*** Trechos que foram substituídos em virtude da censura em época da Ditadura Militar no Brasil.
Fonte: https://www.letras.mus.br/chico-buarque/75604/
Enviado por: Profº Marcelo Osório Costa.