Pelo seu tamanho e relevância – trata-se
do maior evento esportivo do mundo, reunindo milhares de atletas de
centenas de países diferentes –, os Jogos Olímpicos tornaram-se um palco recorrente
de manifestações políticas dos mais diversos tipos. Isso acontece apesar de o
Comitê Olímpico Internacional (COI) proibir qualquer tipo de protesto ou
propaganda de cunho político, religioso ou racial nas áreas dos Jogos. Relembre
alguns momentos em que os Jogos e a política se encontraram:
1936:
A DERROTA SIMBÓLICA DO NAZISMO.
Os Jogos de 1936 aconteceram em Berlim,
capital da Alemanha. Serviram como uma vitrine para o regime nazista de Adolf
Hitler, que queria provar ao mundo que já estava em pé de igualdade perante as
demais potências europeias.
Para Hitler, os Jogos também teriam como
objetivo comprovar a superioridade da raça ariana em relação às demais – crença
sustentada pela ideologia nazista. Mas foi um americano, negro, que roubou a cena:
Jesse Owens. O atleta foi o grande destaque daquela edição dos Jogos,
garantindo quatro medalhas de ouro no atletismo, a modalidade mais importante
dos Jogos, (100 e 200 metros rasos, salto em distância e revezamento 4×100
metros). Owens derrotou o atleta alemão Luz Long, grande esperança no salto em
distância.
Apesar de não se tratar de nenhuma
manifestação política específica, o retumbante sucesso de Owens acabou por
frustrar as intenções dos nazistas de tornar os Jogos um grande símbolo de seu
regime.
1968:
LUTA CONTRA O RACISMO.
Os Jogos Olímpicos de 1968 aconteceram na
cidade do México. Aquele foi um ano muito importante para a política, com
grandes convulsões sociais registradas ao redor do mundo. Na França, houve
o movimento de maio de 68, uma série de protestos estudantis reivindicando
reformas no sistema educacional (posteriormente os trabalhadores também se
juntaram aos protestos).
No Brasil, a ditadura militar rumava para seu
período mais repressor, enquanto a população começava a se manifestar contra o
regime (Passeata dos Cem Mil, por exemplo). Já nos Estados Unidos, o líder
do movimento pelos direitos civis dos negros, Martin Luther King, foi
assassinado, demonstrando a tensão racial existente naquele país.
Durante as olimpíadas da Cidade do México,
ocorreu um dos momentos mais marcantes de toda a história dos Jogos: dois
corredores americanos, Tommie Smith e John Carlos, subiram ao pódio para
receber o ouro e o bronze dos 200 metros rasos. Durante a execução do hino dos
Estados Unidos, os dois levantaram os braços para o alto, com os punhos
cerrados.
Esse era o gesto do movimento Panteras
Negras, um dos grupos mais radicais na luta pelos direitos civis para os negros
nos Estados Unidos. Como manifestações políticas de qualquer natureza são
proibidas pelo COI nos ambientes dos Jogos, ambos os atletas foram expulsos do
evento.
1972:
ATAQUE TERRORISTA E O CONFLITO ISRAEL-PALESTINA.
Os Jogos de Munique foram os maiores já
realizados até hoje. Mas aquela edição dos Jogos foi manchada para sempre por
um triste incidente, com um pano de fundo político. Oito terroristas palestinos
invadiram a Vila Olímpica, sequestraram e mataram 11 atletas israelenses.
Os terroristas reivindicavam a libertação de
200 prisioneiros das mãos de Israel. No confronto com a polícia, todos os
reféns, cinco palestinos e mais um policial morreram. A disputa entre Israel e
Palestina segue sem conclusão até hoje.
1980:
BOICOTE EM MEIO À GUERRA FRIA.
As Olimpíadas de Moscou, em 1980, foram
marcadas por um grande boicote liderado pelos Estados Unidos. Dezenas de outros
países seguiram o exemplo, tornando a edição uma das mais esvaziadas de todos
os tempos.
O motivo do boicote era a invasão da União
Soviética ao Afeganistão, que aconteceu em dezembro de 1979. Naquela época, a
Guerra Fria ainda criava uma forte tensão, dividindo o mundo entre o bloco
comunista e o bloco capitalista.
Em meio a tamanha tensão política, refletida
diretamente na qualidade dos Jogos, a cerimônia de encerramento ficou para a
história por conta do mascote do evento: o ursinho Misha. Em um mosaico feito
pela plateia, uma lágrima cai do olho do mascote. Uma cena comovente e
simbólica para a época.
Boicotes foram bastante recorrentes na
história dos Jogos, especialmente na época da Guerra Fria. Em 1984, foi a vez
de a União Soviética boicotar os Jogos de Los Angeles. Já em 1988, os Jogos
aconteceram na Coreia do Sul, o que levou a Coreia do Norte a boicotar o
evento, exemplo seguido por Cuba.
2016:
A TOCHA OLÍMPICA APAGADA.
E na edição brasileira, podemos dizer que a
política já invadiu os Jogos? Pode-se dizer que sim: mesmo antes de os Jogos do
Rio começarem, já houve manifestações políticas relacionadas à competição. Não
foram poucos os casos de pessoas que tentaram – e até conseguiram – apagar a
tocha olímpica enquanto ela fazia seu tour
pelo Brasil.
O que significaram esses atos? Alguns foram
mera brincadeira, enquanto outros tiveram motivação política. Apagar o maior
símbolo dos Jogos virou um esporte para pessoas contrárias à realização das
Olimpíadas no Brasil.
Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/atualidades-vestibular/5-ocasioes-em-que-a-politica-se-destacou-na-historia-das-olimpiadas/
Enviado por: Kelen Barbosa Fernandes - 3º Ano do Ensino
Médio.
Além da disputa esportiva, dos recordes e das medalhas, as Olimpíadas se notabilizam por reunir em um único evento nações e povos dos quatro cantos do planeta sob o lema do “espírito olímpico”. E justamente por se tratar de um grande acontecimento multicultural, que atrai os olhares de todo o mundo, muitas situações de competição acabam servindo de palco para o exercício da política e da diplomacia.
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