Com o fim das guerras napoleônicas, as atividades comerciais europeias voltaram-se para o Extremo
Oriente, traduzindo-se numa pressão constante sobre a China, que mantinha
fortes restrições sobre o comércio estrangeiro. Cantão era o único porto aberto
ao comércio estrangeiro. Veio a representar o choque entre a China e o Ocidente
durante as chamadas Guerras do Ópio.
Em meados do século XIX a Grã-Bretanha era a
potência mais desenvolvida do mundo, efetuando a transição para a segunda fase
da Revolução Industrial. Para tanto, demandava cada vez mais matérias-primas a
baixos preços e mercados consumidores maiores para os seus produtos
industrializados.
A Índia e a China, países mais populosos da Ásia,
despertavam grande atenção por parte da burguesia britânica. Ao passo que o
mercado indiano se encontrava aberto ao comércio estrangeiro, a China,
produtora de seda, porcelana e chá (os britânicos compraram 12.700 toneladas em
1720 e 360 mil toneladas em 1830; itens que alcançavam bons preços no mercado
europeu), não mostrava interesse nos produtos europeus, o que acarretava déficits ao comércio britânico.
Apenas um produto, em particular, parecia despertar
o interesse dos chineses: o ópio, uma substância entorpecente, altamente
viciante, extraída da papoula que causa dependência química em seus usuários,
introduzido ilegalmente na China por comerciantes ingleses e norte-americanos.
Produzido na Índia, e também em partes do Império Otomano no início do século
XIX, os comerciantes britânicos traficavam-no ilegalmente para a China e muitas
vezes forçavam os cidadãos a consumir as drogas, provocando dependência
química, auferindo grandes lucros e aumentando o volume do comércio em geral.
Em 1830, os ingleses obtiveram exclusividade das operações
comerciais no porto de Cantão. A China exportava seda, chá e porcelana, então
em moda no continente europeu, enquanto a Grã-Bretanha sofria um grande déficit
comercial em relação à China. Para compensar suas perdas econômicas, a
Grã-Bretanha traficava o ópio indiano para o Império do Meio (China). O governo
de Pequim resolveu proibir o tráfico de ópio, o que levou a coroa britânica a
lançar mão de sua força militar.
A droga chegou a representar a metade das
exportações britânicas para a China. O primeiro decreto proibindo o consumo de
ópio datou de 1800, mas nunca chegou a ser respeitado.
Em 1839, a droga ameaçava seriamente não só a
estabilidade social e financeira do país, como também a saúde dos soldados. A
corrupção grassava na sociedade chinesa. Para chamar a atenção do imperador, um
ministro descreveu a situação da seguinte maneira:
“Majestade, o preço da prata está caindo por causa
do pagamento da droga. Em breve, vosso império estará falido. Quanto tempo
ainda vamos tolerar este jogo com o diabo? Logo não teremos mais moeda para
pagar armas e munição. Pior ainda, não haverá soldados capazes de manejar uma
arma porque estarão todos viciados.”
Em 18 de março de 1839, o imperador lançou um novo
decreto, com um forte apelo à população. Através de um panfleto, advertiu do
consumo de ópio. As firmas estrangeiras foram cercadas pelos militares
chineses, que em poucos dias apreenderam e queimaram, na cidade de Cantão, mais
de 20 mil caixas da droga.
Esses
fatos serviram de pretexto para que a Grã-Bretanha declarasse guerra à China,
na chamada Primeira Guerra do Ópio (1839-1842).
O
conflito foi encerrado em agosto de 1842 com
a assinatura do Tratado de Nanquim, o primeiro dos chamados "Tratados
Desiguais", pelo qual a China aceitou suprimir o sistema de Co-Hong (companhia
governamental chinesa), abrir cinco portos ao comércio de ópio britânico
(Cantão, Fuzhou, Xizmen, Ningbo e Xangai), pagar uma pesada indenização de
guerra e entregar a ilha de Hong Kong, na qual ficaria sob o domínio inglês por
155 anos. Como garantia do direito de comércio de ópio assim obtido, um navio
de guerra britânico ficaria permanentemente ancorado em cada um desses portos.
Apesar
do acordo com a China, a situação continuou a não satisfazer as ambições
imperialistas dos ingleses. O comércio de ópio não progredia tão rapidamente
como o pretendido, uma vez que os mandarins
locais se atrasavam na resolução dos assuntos que iam surgindo. Assim, a
situação não era conforme os interesses dos ocidentais.
Em 1856, oficiais
chineses abordaram e revistaram o navio de bandeira britânica, Arrow.
Os franceses aliaram-se aos britânicos
no ataque militar lançado em 1857. As forças aliadas operaram ao redor de
Cantão, de onde o vice-rei prosseguia com uma política protecionista. Mais uma
vez, a China saiu derrotada e, em 1858, as potências imperialistas ocidentais
exigiram que a China aceitasse o Tratado de Tianjin. De acordo com este
tratado, onze novos portos chineses seriam abertos ao comércio de ópio com o
Ocidente e seria garantida a liberdade de movimento aos traficantes europeus e
missionários cristãos. Quando o imperador se recusou a ratificar o acordo, a
capital, Pequim, foi ocupada. Após a Convenção de Pequim (1860), o Tratado de
Tianjin foi aceito. A China criou um Ministério dos Negócios Estrangeiros,
permitiu que se instalassem ligações ocidentais na capital e renunciou ao termo
"bárbaro", usado nos documentos chineses para denominar os
ocidentais.
Em
1900, o número de portos abertos ao comércio com o ocidente, chamados de
"portos de tratado", chegava a mais de cinquenta, sendo que a maior
parte das potências europeias, assim como os Estados Unidos, tinham concessões
e privilégios comerciais.
A ilha de Hong Kong permaneceu em poder dos
britânicos até ser devolvida à República Popular da China em julho de 1997. O estatuto de Macau, como colônia do Império
Português, foi prorrogado, sendo o território devolvido à China em 20 de
dezembro de 1999.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerras_do_%C3%B3pio
Enviado por: Rodrigo
Souza Cota – 3º ano do Ensino Médio.
A Guerra do Ópio retrata muito bem a maneira que os grandes impérios enxergavam os países com menor poder bélico e economico, e suas colônias, fazendo tudo para o seu próprio benefício ao ponto de viciar uma nação inteira co uma droga para apendas gerar mais lucro ao seu país.
ResponderExcluirA Guerra do Ópio aconteceu dentro do contexto do Imperialismo e Neocolonialismo da segunda metade do século XIX. Nações europeias, principalmente a Inglaterra, conquistaram e impuseram seus interesses econômicos, políticos e culturais aos povos e países da Ásia, África e Oceania.
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