Quando uma cidade recebe os Jogos Olímpicos, seus moradores esperam beneficiar-se do tal “legado olímpico”. Como um evento desse porte exige diversas obras de infraestrutura e mobilidade, a expectativa é que a população da cidade-sede possa desfrutar das melhorias urbanísticas e dispor de uma melhor qualidade de vida após o fim da competição.
Para milhares de famílias que vivem no Rio de Janeiro, no entanto, o fato de a cidade sediar a Olimpíada se transformou em um grande transtorno. Isso porque as obras para a construção de arenas olímpicas e reurbanização, geralmente concentradas em regiões mais centrais e valorizadas da cidade, provocou a remoção de milhares de famílias.
O destino de quem é despejado.
De modo geral, as famílias despejadas tinham duas opções:
– Receber uma indenização. O problema é que este ressarcimento financeiro, feito a partir da avaliação material das perdas, geralmente é irrisório, dada a pobreza e situação irregular da maioria das comunidades removidas.
– Receber um imóvel dos programas de habitação do governo federal ou estadual. Neste caso, os reassentamentos contribuem para a segregação socioeconômica na cidade, já que mais de 50% das unidades dos programas habitacionais no Rio estão no extremo oeste, a duas horas do centro, e os reassentados acabam perdendo relações sociais, familiares e de trabalho.
A geografia dos reassentamentos.
Veja no mapa abaixo de onde saíram e para onde foram as famílias despejadas:
Repare que:
– Os círculos azuis concentram os principais locais de competição dos Jogos.
– Os pontos laranja representam as comunidades onde houve remoções.
– Os ícones de edifícios representam os conjuntos habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida.
Pelo movimento das linhas brancas no mapa, veja onde os moradores viviam e para onde eles foram removidos. Observe como eles foram transferidos para locais mais afastados da região mais central do Rio, onde se concentram a maioria dos empregos.
Especulação imobiliária e gentrificação.
Entre 2009 e 2015 mais de 22 mil famílias foram despejadas no Rio de Janeiro, o que já é considerado o período histórico com o maior número de remoções na cidade. Segundo o Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, este processo serviu para beneficiar investimentos imobiliários e turísticos, alimentando um processo conhecido como especulação imobiliária e gentrificação.
Especulação imobiliária: ocorre a partir da valorização de um terreno ou imóvel. Esta valorização pode ocorrer devido a um investimento privado na região, cujo objetivo é aumentar o preço final deste terreno ou imóvel. Mas também pode acontecer por meio de obras públicas de melhoria dos entornos e dos serviços – como no caso das Olimpíadas do Rio.
De modo geral, os especuladores costumam manter os seus estabelecimentos vazios esperando uma futura valorização. Após as obras para as Olimpíadas do Rio, grandes investidores acabaram se beneficiando com o aumento dos preços de seus terrenos e imóveis a partir dos gastos governamentais na região.
Gentrificação: é um fenômeno associado à especulação imobiliária. Trata-se da expulsão de um grupo de pessoas de baixa renda de uma região, bairro ou cidade, para a entrada de outro, com maior poder aquisitivo. Em geral, esse deslocamento acontece através do aumento dos valores dos imóveis e aluguéis por melhorias nos serviços públicos e privados, como no caso das regiões que receberam as obras para as Olimpíadas. Isso obriga a população local a mudar-se para áreas mais periféricas, com piores serviços e baixa qualidade de vida.
No Rio de Janeiro, a Vila Autódromo e a favela do Vidigal são algumas das regiões que mais estão sofrendo com o processo de gentrificação, acelerado por conta da Copa do Mundo em 2014 e agora com as Olimpíadas.
Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/atualidades-vestibular/vestibular-e-olimpiadas-as-remocoes-de-familias-no-rio-de-janeiro/
Envido por: Juliana Salles - 1º ano do Ensino Médio.
A olimpíada deveria trazer melhorias ao país, porém como podemos ver está sendo motivo de descontentamento dos moradores que vivem próximos a regiões que foram utilizadas para construção de instalações olímpicas.
ResponderExcluirÉ necessário que o país esteja preparado para receber esse grande evento, mas as pessoas que vieram para assistir ou competir são como "hospedes", quando os jogos terminarem voltarão a rotina.
Mas, como ficaram os brasileiros?
A indenização e/ou um imóvel dos programas de habitação, como foi visto, muitas das vezes não está de acordo com a necessidade do cidadão despejado.
Pensar na recepção de pessoas do mundo inteiro é muito importante, mas "manter" o bem estar do povo brasileiro deveria ser a maior das intenções.
Lastimável. O Brasil é um país que não tem condição alguma de abranger evento de tamanho porte, principalmente se o mesmo trouxer malefícios ao invés de benefícios para a população local.
ResponderExcluirNão é necessário ser um especialista para constatar o óbvio: a Vila Autódromo, com seu terreno plano, ruas abertas, casas bem estruturadas, além de uma população unida, é perfeitamente urbanizável. Basta vontade política .Isso porque, entre as intervenções previstas, estão as vias de acesso ao Parque Olímpico, que deverão passar por dentro da favela.
ResponderExcluirOs moradores apresentaram então uma segunda versão do plano que resguardava tudo aquilo que o governo municipal anunciava como imprescindível, como o acesso independente ao Parque Olímpico dos atletas, de jornalistas e do público, entre outras coisas, mas sem atingir tanto a Vila Autódromo.Era só uma questão, por exemplo, de afastar um pouco essas saídas. Mas na solução da Prefeitura, ficava claro a intenção de retirar um grande número de famílias. Tecnicamente havia outras soluções.
A olimpíada deveria trazer melhorias, mas para isso o país deveria estar preparado e o Brasil não possui essa estrutura para atender o evento .
ResponderExcluirO país para sediar uma olímpica teria ao menos que ter infraestrutura e condições adequadas para que tudo ocorra bem e ninguém necessariamente saia com prejuízos.Mas como podemos ver infelizmente não é isso que está acontecendo
ExcluirGentrificação, vocábulo tão estranho quanto a significação, onde já se viu retirar pessoas de seus "lares" para favorecer outras que possuem condições favováveis? E os direitos humanos?
ResponderExcluirCom o governo atual e as condições em que o país se encontra, não tem o que é necessário para sediar um evento desse porte, e quem paga somos nós brasileiros, e isso é só um dos muitos problemas que caíram sobre nossa nação quando foi atribuída a responsabilidade que são Os Jogos Olímpicos
ResponderExcluirA "herança olímpica" deve ser analisada com bastante cuidado pelos países antes de sediarem os jogos, os estudos mostram que as Olimpíadas trazem problemas aos países após os jogos.
ResponderExcluirInfelizmente as olimpíadas que chegou com um intuito positivo sobre o Brasil,causou descontentamento em algumas famílias que foram tiradas de suas casas por conta desse evento.
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